Nos últimos anos, o termo produtividade tem ganhado bastante
destaque na mídia em geral, mas principalmente nas mídias especializadas. Isto
se deve à importância do tema, uma vez que, o termo produtividade tornou-se a
“bola da vez”, uma espécie de “mantra” capaz de solucionar problemas nas
empresas, principalmente aqueles relacionados ao lucro e à permanência no
mercado. É fato, aumentando a produtividade, diminuem os custos de produção ou
dos serviços prestados. Isso acontece exatamente porque cada unidade do produto
ou do serviço terá sido produzida com menor quantidade de insumos.
No entanto, não se deve esquecer de que quaisquer medidas da
produtividade são imprecisas, não só porque algumas das grandezas envolvidas
são de medição difícil, mas também porque vários conceitos envolvidos na
definição são cercados de controvérsias. Nem sempre a relação entre
produtividade e lucro é direta. Aumentos ou quedas na produtividade, não
necessariamente implicam movimentos de mesmo sentido nos lucros. Nesse sentido,
vamos voltar o nosso foco para a produtividade no setor de serviços, cuja particularidade
remonta ao “zero estoque”, ou seja, no mesmo momento que é produzido, é
consumido.
A primeira publicação importante relacionada à produtividade
no setor de serviços foi em 1964 em uma monografia de Victor Fuchs, patrocinada
pelo National Bureau of Economic Research. Neste trabalho, o autor se mostra preocupado com as
diferenças nas taxas de crescimento da produtividade entre o setor de bens de
consumo e o setor de serviços. A partir deste trabalho, começou-se a perceber
que a medida física da produção no setor de serviços apresenta dois pontos
importantes a considerar. Primeiro, pela natureza do serviço, que envolve ações
e não um bem físico, dificultando assim a definição do que é produção. Em
segundo lugar, tratamos a relevância. Até que ponto o que foi considerado como
medida física da produção é representativa no serviço em um contexto sistêmico?
Será que estas medidas contemplam todo o esforço para realizar o serviço?
Nesse seguimento e a partir de observações realizadas no dia
a dia de trabalho de organizações pertencentes ao setor de serviços, foi
possível constatar que realmente existe grande dificuldade em se definir o que
é produção, mesmo com o auxílio de sistemas ERP de apoio operacional. Em grande
parte, esta dificuldade é ocasionada pela falsa impressão de volume processado
e mensurado, mas ignorando por completo o trabalho/esforço despendido no tempo
para a realização do serviço, uma vez que, para a concretização do serviço
foram realizadas várias ações que não são consideradas na mensuração dos
volumes processados, seja individual ou por equipe. Essas ações são como
pequenas partículas que se deslocam dinamicamente em espaços de tempo, onde
estão inseridos os operadores e os processos. Por se tratar de algo bastante
dinâmico e de difícil gestão, estas são simplesmente ignoradas no momento de
mensuração do indicador de produtividade.
Mesmo balanceando a produção através de tempos padrão de
processamento para cada atividade do processo atendido por cada operador, ainda
sim existe grande discrepância no indicador final de produtividade. Isto se
deve principalmente pela variação nos volumes processados entre os operadores.
Desconsiderando aqui altos índices de ociosidade que podem ocorrer
individualmente, a grande explicação é que para determinados operadores, o
volume mensurado é pequeno, no entanto, o número de trabalhos/esforços para
atender a este volume é maior do que para aqueles que possuem um alto volume
mensurado.
A grande sacada será mensurar estes trabalhos/esforços de
forma balanceada entre os operadores, mesmo estes processando volumes
distintos. A ideia é utilizar o Tempo de Ciclo e o Takt Time como parâmetros
primários, sendo que estes estão atrelados diretamente à jornada de trabalho
disponível e a jornada de trabalho realizada pelo operador ou equipe no período
em horas. A partir daí, teremos um indicador mais preciso e justo quanto ao
número de trabalhos/esforços realizados pelo operador no decorrer da realização
de determinado serviço. No entanto, para que os índices de variação se tornem
cada vez menores, será preciso um trabalho mais apurado de gestão focado na
distribuição balanceada de volumes a processar entre os operadores, reduzindo
assim os índices de ociosidade individual e por equipes.
O grande ganho está em medir o esforço consumido pelo
operador na realização dos trabalhos e não somente em mensurar a capacidade
atendida por este em um intervalo de hora. Este esforço sim é o insumo
necessário para atendimento dos volumes mensurados, mesmo estes não sendo
confiáveis. No entanto, é importante ressaltar que, para resultados
significativamente confiáveis, será necessária uma ampla discussão a respeito
do que realmente é importante para a organização: Uma produção eficiente
atrelada há tempos padrão de processamento ou uma produção eficaz voltada para
a minimização de trabalhos/esforços?
Esta aberta a discussão!
O Engenheiro
Meu nome é Marcelo Gonçalves Pereira e tenho 34 anos. Tenho formação na área de Engenharia em Produção. Trabalho como Analista de Processos em Qualidade na Toutatis Client Service e junto com Paulo Andrade fundamos a FOCO T&D.
Tenho ampla experiência em modelagem, controle e acompanhamento de processos utilizando metodologias como o Lean Six Sigma e PDCA.
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