terça-feira, 25 de outubro de 2011

Termômetro ou Termostato?

O grande tenista e ex-número um do mundo André Agassi em sua biografia “Open” diz que seus adversários eram divididos em dois tipos de jogadores: o termômetro e o termostato.

Segundo o tenista, o jogador termômetro reage às temperaturas dadas pelo adversário na partida, já o jogador termostato, imprime a sua própria temperatura. Essa divisão pode ser extremamente explorada no mundo corporativo, uma vez que, a partir desta idéia podem se aproveitar melhor as habilidades dos gestores, sendo que entre os dois modelos não existe o certo e nem o errado, porém existe a possibilidade de se saber quem reage melhor a que tipo de estímulo.
No universo corporativo, os gestores lidam constantemente com pessoas, além de números e indicadores. Porém, é no ambiente das relações pessoais que são tratados os problemas e suas soluções, ou seja, é neste ambiente que são impostas as condições do jogo. Parte destas imposições nos mostra como as pessoas reagem diante de situações onde a tomada de decisão deve ser rápida e objetiva. Algumas pessoas “termostato” reagem antecipadamente à situação, ou seja, impõem o seu ritmo de trabalho na organização. Já
outras pessoas “termômetro” precisam que este ritmo seja imposto pela organização.
Visualizo que, para pessoas “termômetro” as condições de trabalho bem como a forma de se trabalhar devam ser colocadas como forma de orientação, ou seja, para estas pessoas os cargos operacionais são os mais indicados. Para que a organização consiga obter o melhor aproveitamento deste profissional, será necessário que o mesmo seja orientado e que esteja sob constante observação. Isto não significa que este profissional não possua habilidades para desempenhar o seu trabalho, o que ocorre é que o mesmo não consegue ser altamente proativo na condução das soluções. Já para as pessoas “termostato” devem
ser reservados os cargos de gestão, uma vez que, estas possuem em seu perfil a condição de serem melhores em conduzir, entender e orientar equipes em sua operação. O profissional enquadrado neste perfil deve estar em constante aperfeiçoamento no nível de gestão, isto porque, as mudanças ocorrem de forma muito rápida, sejam elas a níveis técnicos como a níveis de rotatividade de pessoas.
Um ponto que deve ser observado com bastante atenção em organizações cuja gestão ainda não está muito bem definida é que profissionais “termômetro” estão ocupando cargos de profissionais “termostato”. A principal conseqüência disto é que, as operações destas organizações estão carentes de liderança. Falta de tudo um pouco: planejamento, conhecimento de rotinas gerenciais, identificação de prioridades, conhecimento em análise entre outros. A culpa nem sempre é do próprio profissional que na ansiedade de
crescimento profissional não se limita a agregar novos desafios, o que não é errado. No entanto, é preciso tomar muito cuidado, pois neste tipo de mudança o que poderia ser algo vantajoso pode se tornar algo frustrante, até mesmo porque, quando este tipo de mudança ocorre de forma intuitiva é porque a organização não possui critérios de formação ou seleção de novos líderes. Para que isto comece a tomar um novo caminho, é preciso que a organização esteja focada no que realmente interessa as pessoas.
De acordo com Vicente Falconi que é consultor de empresas, sócio fundador do INDG e colunista da revista Exame, o sistema de gerenciamento empresarial deve estar voltado para a satisfação das pessoas, não por extorsão, mas por métodos e técnicas que todos os funcionários devem aprender para o crescimento da empresa. Com isso, a busca do autoconhecimento pessoal para entendimento das habilidades profissionais a serem utilizadas no dia a dia de trabalho, fornecem a organização a oportunidade de alocar a
pessoa certa para exercer a função que melhor se encaixe em seu perfil.
Dessa forma, nos cabe questionar qual profissional desejamos ser: “termômetro ou Termostato”? Caso compreendamos que somos profissionais “termostatos” necessitamos questionar então se a organização está nos propiciando às devidas oportunidades de crescimento. Agora, se visualizarmos que estamos realizando nossos trabalhos com total definição e acompanhamento de nosso gestor, então mesmo tendo perfil de gestão, todos somos profissionais “termômetros”.

Marcelo Gonçalves Pereira

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