sexta-feira, 20 de julho de 2012

O “X” da Questão

Já faz algum tempo que venho me questionando a respeito de como algumas organizações se fazem permanecer competitivas no mercado sem estarem estruturadas para isso, no sentido de aplicação de metodologias ou modelos gerenciais. A partir deste questionamento, visualizei que a aplicação desta ou daquela metodologia ou modelo gerencial é de pouca influência na rotina operacional da organização quando partimos para uma visão mais ampla do sistema. Não é meu objetivo descredenciar qualquer que seja o modelo ou metodologia utilizada ou não. O foco aqui se restringe a apoiar a idéia de que estes modelos e metodologias são “adicionais ou opcionais” a um movimento ou força muito maior que analogamente comparo a força da gravidade existente em um buraco negro, conforme imagem abaixo:


Concepção artística de um buraco negro

De acordo com a Física e de forma simplificada, buraco negro é uma região do espaço que possui uma quantidade tão grande de massa concentrada que nada consegue escapar da atração de sua força de gravidade, nem mesmo a luz. Mas voltando o foco a que se restringe este texto e de forma comparativa, nas organizações esta grande quantidade de massa concentrada são os operadores e os processos, que com ou sem metodologias de suporte, continuam em pleno movimento, fazendo com que o sistema permaneça em total equilíbrio funcional, mesmo não havendo um bom planejamento para a execução das atividades.
Não quero deixar aqui a idéia de que o “caos” deve prevalecer para que o sucesso aconteça, conforme é defendido pela Teoria do Caos. O que se percebe é que, quanto maior o movimento dessa grande massa (operadores e processos) maior o equilíbrio do sistema, mesmo que em determinados períodos, estes operadores venham a sentir que o trabalho desenvolvido por eles não possui um objetivo claro e conseqüentemente valorização. Vejo que, determinadas organizações necessitam do “vamos que vamos” para se manterem em equilíbrio, mesmo que este equilíbrio não seja refletido no âmbito financeiro. O “x” da questão agora é: até quando este equilíbrio permanecerá?
É importante destacar que, o mercado consumidor está e estará cada vez mais exigente quanto ao quesito qualidade, sendo necessário aos produtos e serviços possuírem certificações para se colocarem disponíveis no mercado consumidor. Na atualidade, estas certificações só são alcançadas mediante forte padronização e execução de procedimentos. Sabemos que, organizações que possuem determinados selos de qualidade impressos em seus produtos, são vistas com outros olhos pelo consumidor, mesmo que este selo não expresse total segurança e confiabilidade do produto. Agora imagine uma organização que permaneça no “vamos que vamos” e que não consiga se estruturar de forma a alcançar tais certificações.
Quais serão as conseqüências disso?
Na minha visão, estas organizações serão sugadas para o centro do buraco negro, sendo aprisionadas pelos próprios conceitos de gestão praticados, se tornando inexpressivas no mercado, podendo até deixar de existir, através de fusões com organizações maiores ou melhores estruturadas. Querendo ou não, ainda vivenciamos uma instabilidade econômica mundial gerada pela grande crise iniciada em 2008. Neste sentido, o poder aquisitivo do consumidor foi reduzido e somente agora se projetam sinais de recuperação. Devido a isso, existe uma estagnação e até declínio de setores voltados a indústria de transformação. Essa situação provocou um movimento inverso ao caos, uma vez que, agora, o olhar está voltado ao controle extremo dos custos de produção com o objetivo de aumentar os lucros, até mesmo porque, o preço final dos produtos ou serviços está caindo, puxados principalmente por esta “ainda” instabilidade econômica.
Será que nós profissionais que fomos inseridos nos modelos gerenciais elaborados no século XX estamos preparados para desempenhar nosso papel em um ambiente onde estas metodologias e modelos nem sempre são aplicáveis e os resultados gerados nem sempre condizem com a verdadeira realidade do negócio?
Continuo acreditando que, o movimento gera equilíbrio de forças e que nestas forças está inserida a organização do trabalho como fonte inesgotável de melhorias que com o passar do tempo provocam estabilidade, confiabilidade e competitividade.

O Engenheiro

Meu nome é Marcelo Gonçalves Pereira e tenho 34 anos. Tenho formação na área de Engenharia em Produção. Trabalho como Analista de Processos em Qualidade na Toutatis Client Service e junto com Paulo Andrade fundamos a FOCO T&D.
Tenho ampla experiência em modelagem, controle e acompanhamento de processos  utilizando metodologias como o Lean Six Sigma e PDCA.


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