Já faz algum tempo que venho me questionando a respeito de como
algumas organizações se fazem permanecer competitivas no mercado sem estarem
estruturadas para isso, no sentido de aplicação de metodologias ou modelos
gerenciais. A partir deste questionamento, visualizei que a aplicação desta ou daquela
metodologia ou modelo gerencial é de pouca influência na rotina operacional da
organização quando partimos para uma visão mais ampla do sistema. Não é meu objetivo
descredenciar qualquer que seja o modelo ou metodologia utilizada ou não. O
foco aqui se restringe a apoiar a idéia de que estes modelos e metodologias são
“adicionais ou opcionais” a um movimento ou força muito maior que analogamente
comparo a força da gravidade existente em um buraco negro, conforme imagem
abaixo:
Concepção artística de um buraco negro
De acordo com a Física e de forma simplificada, buraco negro
é uma região do espaço que possui uma quantidade tão grande de massa concentrada
que nada consegue escapar da atração de sua força de gravidade, nem mesmo a
luz. Mas voltando o foco a que se restringe este texto e de forma comparativa,
nas organizações esta grande quantidade de massa concentrada são os operadores
e os processos, que com ou sem metodologias de suporte, continuam em pleno movimento,
fazendo com que o sistema permaneça em total equilíbrio funcional, mesmo não
havendo um bom planejamento para a execução das atividades.
Não quero deixar aqui a idéia de que o “caos” deve
prevalecer para que o sucesso aconteça, conforme é defendido pela Teoria do
Caos. O que se percebe é que, quanto maior o movimento dessa grande massa
(operadores e processos) maior o equilíbrio do sistema, mesmo que em
determinados períodos, estes operadores venham a sentir que o trabalho
desenvolvido por eles não possui um objetivo claro e conseqüentemente valorização.
Vejo que, determinadas organizações necessitam do “vamos que vamos” para se
manterem em equilíbrio, mesmo que este equilíbrio não seja refletido no âmbito
financeiro. O “x” da questão agora é: até quando este equilíbrio permanecerá?
É importante destacar que, o mercado consumidor está e
estará cada vez mais exigente quanto ao quesito qualidade, sendo necessário aos
produtos e serviços possuírem certificações para se colocarem disponíveis no
mercado consumidor. Na atualidade, estas certificações só são alcançadas
mediante forte padronização e execução de procedimentos. Sabemos que,
organizações que possuem determinados selos de qualidade impressos em seus
produtos, são vistas com outros olhos pelo consumidor, mesmo que este selo não
expresse total segurança e confiabilidade do produto. Agora imagine uma organização
que permaneça no “vamos que vamos” e que não consiga se estruturar de forma a
alcançar tais certificações.
Quais serão as conseqüências disso?
Na minha visão, estas organizações serão sugadas para o
centro do buraco negro, sendo aprisionadas pelos próprios conceitos de gestão
praticados, se tornando inexpressivas no mercado, podendo até deixar de
existir, através de fusões com organizações maiores ou melhores estruturadas.
Querendo ou não, ainda vivenciamos uma instabilidade econômica mundial gerada
pela grande crise iniciada em 2008. Neste sentido, o poder aquisitivo do
consumidor foi reduzido e somente agora se projetam sinais de recuperação.
Devido a isso, existe uma estagnação e até declínio de setores voltados a
indústria de transformação. Essa situação provocou um movimento inverso ao
caos, uma vez que, agora, o olhar está voltado ao controle extremo dos custos
de produção com o objetivo de aumentar os lucros, até mesmo porque, o preço
final dos produtos ou serviços está caindo, puxados principalmente por esta
“ainda” instabilidade econômica.
Será que nós profissionais que fomos inseridos nos modelos gerenciais
elaborados no século XX estamos preparados para desempenhar nosso papel em um
ambiente onde estas metodologias e modelos nem sempre são aplicáveis e os resultados
gerados nem sempre condizem com a verdadeira realidade do negócio?
Continuo acreditando que, o movimento gera equilíbrio de forças
e que nestas forças está inserida a organização do trabalho como fonte
inesgotável de melhorias que com o passar do tempo provocam estabilidade,
confiabilidade e competitividade.
O Engenheiro
Meu nome é Marcelo Gonçalves Pereira e tenho 34 anos. Tenho formação na área de Engenharia em Produção. Trabalho como Analista de Processos em Qualidade na Toutatis Client Service e junto com Paulo Andrade fundamos a FOCO T&D.
Tenho ampla experiência em modelagem, controle e acompanhamento de processos utilizando metodologias como o Lean Six Sigma e PDCA.

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